Parches

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Lembro os anos em que era umha meninha e mirava a meu avó amanhar sua bicicleta.

Tirava do caixão das ferramentas a caixinha dos parches e o tubo da disolução e remendava os neumáticos todos cheios de feridas dos caminhos de calhaus e a estrada de Camarinhas, cheia de seixos de punta.

Hoje, vendo o que passa no mundo, não posso deixar de pensar no meu avó, e na sua velha bicicleta. Nos paises pobres do planeta, da-se a meirande densidade de velhas bicicletas. Nós, hà algúns anos, também formávamos parte desse exército de ciclistas sem sponsor, mas agora a vida mudou. Imos dum lado para outro em carros movidos por combustíveis fóssiles e jà não usamos as pernas mais que no gimnásio ou a discoteca. Mas, porém, ainda seguimos pondo parches nas velhas bicicletas. Tratando de substituir a justiça por caridade, parcheando e logo tapando com a goma, para que não se vejam os remendos.

ONGs, crianças levadas fóra de seus paises e culturas porque são más doados de conseguir là que em Espanha, donativos para espalhar o cristianismo…De tudo há, em quanto a parches se refire…

E, mentras tanto, nós a consumir: A encher o depósito do carro de gasofa, dando voltas sem sentido, a mercar a esgalha produtos fabricados com o sangue dos meninhos que ficam là,na sua terra, sem esperança de futuro, a encher os carros de produtos sem saber nada da sua procedéncia, porque não nos interesa.

Esquecemos as nossas velhas bicis parcheadas e tentamos ser caritativos.

O dia que no mundo haja justiça, cada meninho criara-se com sua mãe, em seu pais. Viajará quando lhe pete e seja um homem.

E não haverá mais caridade que a empatía. E tal vez as nossas casas, tenham poucas cousas, mas valiosas, porque quem as fixo cobrou um salário digno.

E tal vez nós não tenhamos que ir cada semana com o carrinho cheio, para sentir-nos menos pobres. A pobreça e as caréncias não sempre vem de fóra…

E o progreso, tampouco tem por qué ser algo externo…

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